Tchau, tchau 18....

19 anos...

Pois é filhota, hoje faz 19 anos que eu nasci, que eu era pequenininha e indefesa assim, que nem você. Eu sempre programei minha vida para que eu me formasse cedo, começasse a trabalhar mais cedo ainda, juntasse dinheiro para comprar uma casa e nesse meio tempo escolheria um marido, um pai para meus filhos, e então, quando estivesse tudo encaminhado, realizar o meu maior sonho de sempre: ser mãe. Acontece que, como você bem sabe, a ordem por aqui anda bem invertida. A última coisa da lista é o que veio primeiro, e desde então a mamãe se encontra um pouco perdida ao pensar como construirei minha vida. Ainda quero fazer o resto da lista, e agora mais rápido do que nunca, mas eu fico confusa e penso que eu não quero ficar longe de você para estudar e trabalhar, afinal, do que adianta termos a nossa casa, e você ter tudo que quiser, se nós não pudermos aproveitar isso juntas? Então eu vou adiando nosso futuro, e ao mesmo tempo aproveitando ao máximo esse tempo que podemos passar agarradinhas, e assim eu posso acompanhar de pertinho o seu crescimento, que vem acima de qualquer plano que eu já tenha feito na vida.

Quero falar mesmo sobre como é ter 18 anos: das certezas, das dúvidas, e das responsabilidades que a gente ganha de presente nessa época.

Muitas pessoas esperam ansiosamente para ter 18 anos, pois acredita que vida irá mudar daí pra frente. Mas, o que eu percebi é que o que muda é a nossa maneira de ver o mundo, e de pensar na vida, isto é, para os que pensam na vida; porque a maioria dos jovens hoje é muito inconseqüente e não se preocupa com o futuro.

Com 18 anos:

Somos obrigados a votar; ou seja, decidir o futuro do país – teoricamente. Mas não entremos no assunto de política.

Podemos dirigir; é gostoso, pois nos dá a sensação de que nós temos o controle de nossa vida, podemos ir onde quisermos, na hora que quisermos.

Normalmente é a idade de ingresso na universidade; se você entrou na universidade, é porque escolheu um curso, uma profissão. É quando começamos a nos formar para trabalhar. O maior passo para a independência, eu acredito.

Podemos entrar em qualquer lugar, comprar bebidas, assinar documentos, responder por si próprio na justiça.

Como resumo, a verdade é que não sentimos nenhuma mudança em nosso corpo. Há quem diga que eu tenho cara de 15 anos – e sinceramente, eu não me sinto diferente ou mais velha, ou nem mesmo mulher aos 19 anos. Me vejo ainda como uma menina, com sonhos e desejos, e com uma sede enorme de crescer, de poder me sustentar, de poder te sustentar!

Quando me perguntam minha idade, respondo 18 (ou 19) automaticamente, mas, se eu parar para pensar, ficaria na dúvida. De aparência, tenho 15; biologicamente, hoje faço 19, e de cabeça, diria que no mínimo 25.

Há 2 anos atrás eu planejava ir morar com a sua dinda, fazer um intercâmbio de 6 meses na Nova Zelândia, estudar à noite, trabalhar de dia. Imaginava meus finais de semana lotadas de festas, feriados regados de viagens e assim eu seguiria os meus 18 anos. Mas eu risquei umas coisas, adiei outras, e agora, com 18 anos, eu tenho a maior responsabilidade que alguém pode ter na vida: criar outra pessoa, dar amor, carinho, atenção.

Mas, deixemos isso de lado, porque o que tiver que ser será. De nada adianta ficar aqui passando o presente pensando no futuro e muito menos no passado, porque se não o futuro jamais chegará.

Sim, essa é a primeira lição que eu espero ensinar-lhe. Não ficar reclamando da vida, do que já aconteceu, ou com medo do que pode acontecer. Temos que correr atrás, lutar e acreditar. Quando uma coisa acontece, é porque tinha que acontecer. Às vezes nos tiram algo das mãos para deixá-las vazias para algo melhor! No final, dará tudo certo. Quando menos esperarmos, estaremos no nosso cantinho, felizes, fazendo bolos e doces e nos divertindo, juntas, sempre!

E eu espero, filha, que quando você leia essa carta, você esteja tão cheia de possibilidades e oportunidades na vida, e que você seja feliz, por qualquer que seja o motivo, assim como eu sou.

E tenho dito, meu o motivo é você!

Beijos,

Mamãe!